quinta-feira, 26 de julho de 2012

Não tema o novo

A vida é marcada por novidades. À medida que vivemos, deparamo-nos cotidianamente com inúmeras descobertas. Em determinados momentos, as novidades vividas são ruins, em outros, são boas, mas, querendo ou não, o “novo” sempre vem e mudanças sempre acontecem. Alguém que vai embora, um emprego que se perde, um amor que vai embora, a vida nos reserva muitas surpresas e, por intermédio delas, podemos sempre crescer.
Existem mudanças que podem ser positivas, outras até mesmo necessárias. Quando rompemos com o medo, assumindo, com humildade, a graça de não sermos sabedores do futuro, podemos ser extremamente formados pelo mistério, que, aos poucos, vai se revelando, desvelando nossa verdade e acrescentando àquilo que somos.
O “novo”, as mudanças, as perdas revelam aquilo que somos, pois, à medida que vamos reagindo diante de cada nova situação, vamos descobrindo novas áreas de nós mesmos, e podemos compreender um pouco mais quem somos nós. Não é pela ação que você conhece uma determinada pessoa, mas por suas reações, pois, as ações podem ser programadas e as reações sempre são naturais.
Cada tempo novo, cada situação nova na vida, é um momento privilegiado para se descobrir no melhor e no pior, nas fraquezas e nas virtudes. Não existe crescimento sem autoconhecimento. Por isso não podemos temer o “novo”, pois quando o vivemos bem, deixando as coisas acontecerem a seu tempo, crescemos significativamente na compreensão do mistério que somos nós.
Não fugir de si mesmo, e de algumas mudanças necessárias, é um caminho de cura e maturidade. Enfrentar-se, com humildade e paciência, diante das próprias limitações, significa preparar o caminho para a virtude.
A felicidade habita no coração que, aos poucos, se torna livre, natural e sem ilusões a respeito de si e da vida.
Não tema o “novo”, as mudanças, enfim, não tema se descobrir. Permita que a vida lhe ensine a se aceitar e amar aquilo que você realmente é, desprendendo-se de ilusões e de idealizações irreais.
Quando começamos a nos compreender, alcançamos a capacidade de transformar “invernos” em belíssimas “primaveras”. Faça essa experiência!

Para encontrar a pessoa certa é preciso ser a pessoa certa

Vivemos em uma sociedade que cada vez mais despreza todas as formas de compromisso e de seriedade relacional. Diante disso, experiências de supostas aventuras momentâneas acabam, na maioria das vezes, prevalecendo diante do desejo de se viver um comprometimento sério no namoro.
De fato, em meio às frágeis concepções relacionais existentes em nosso tempo, torna-se cada vez mais difícil encontrar “a pessoa certa” para se viver um sadio relacionamento afetivo. Além do que, neste processo de encontrar a pessoa certa muita paciência e sabedoria são necessárias.
Aqui se aplica concretamente a antiga máxima: “Antes só do que mal acompanhado”, pois, em tais circunstâncias uma escolha errada pode acarretar terríveis e desagradáveis consequências: afetivas, emocionais e existenciais.
Para se encontrar a pessoa certa é preciso antes ser a pessoa certa, ou seja, é necessário estar preparado para tal encontro, para, assim, poder oferecer o melhor de si ao outro.
O namoro é uma realidade para a qual é preciso preparar-se, e preparar-se bem: através oração e vivência dos sacramentos, buscando a própria cura interior, procurando moldar as fragilidades do temperamento, entre outros. Enfim, para ser a pessoa certa para o outro se faz necessário estar bem consigo, com os próximos e, principalmente, com Deus.
E só está realmente bem aquele que não centrou seu coração em si mesmo, mas n’Aquele que lhe é infinitamente superior, dando a Este a total prioridade em tudo o que se é e se faz. O encontro com um “outro” não pode ser a única e cega meta da vida, mas ao contrário, deve ser a simples consequência do encontro com o “Outro”, que confere o verdadeiro lugar para todo e qualquer afeto humano.
Quem ainda não colocou o Sagrado no centro de sua existência não está pronto para viver um relacionamento sadio, pois correrá o sério risco de divinizar o outro, dando a este um lugar devido somente a Deus e, consequentemente, exigindo dele o que somente o Senhor pode lhe oferecer, tornando, dessa forma, a relação pesada e sufocante.
Existem lacunas em nós que somente o amor de nosso Autor poderá preencher, e apenas a partir de um profundo encontro com Ele nossos relacionamentos poderão tornar-se maduros e realmente bem sucedidos.
O amor só pode ser vivenciado com vida e equilíbrio, onde o “Amor” verdadeiramente saciou as fragilidades e vazios do coração.
Vivendo a partir de tais princípios e cuidando sempre e bem do coração, nós nos tornaremos capazes de inaugurar as devidas vias que precederão a tão desejada interação, a ser realizada pelo namoro, e poderemos assim saborear seu posterior êxito e plenitude.

O amor se mede pelos resultados?

Vivemos em um tempo em que a sociedade é extremamente utilitarista, e em virtude disso, somos constantemente tentados a acreditar que bom e digno de ser amado é somente aquele que corresponde, com resultados, àquilo que desejamos.
O amor é uma doação, é um gastar-se gratuitamente pelo bem do outro, e, a partir do momento em que se ama esperando algum resultado ou retorno, o princípio do amor é traído e este se torna inautêntico.
Amar é acreditar em alguém mesmo quando este não corresponde. É enxergar o que há de bom naquele que está imerso no mal. É ir além. Enfim, amar é seguir o exemplo da cruz. Jesus, mesmo ao ser crucificado, amou, perdoou e se entregou por amor aos homens. Porém, a doação da cruz não foi uma troca; Cristo não morreu por nós impondo como condição para isso nosso seguimento à vontade d’Ele; ao contrário, Ele primeiro se doou, e depois, propôs: “Vem, e segue-me”.
É proposta e não imposição. É um convite impresso na liberdade humana, e não uma exigência de retorno e resultados. O verdadeiro amor é entrega que não impõe condições, e, muitas vezes, é sacrifício.
Tal ideal não é fácil de ser vivenciado. Principalmente, em um mundo que nos leva a crer que somente aquilo que nos dá prazer e satisfação precisa ser buscado e desejado. Somente o que satisfaça às nossas vontades e nos traga algum conforto. O que é uma imensa inverdade.
Amar da maneira de Jesus é heroísmo, e acima de tudo, é uma decisão. Porém, não existe outra maneira: para amar de verdade é preciso olhar para a cruz.
Há muitos que dizem que amam alguém por este lhe fazer bem ou por lhe proporcionar algum prazer, mas, se essa interação for sustentada somente por isso, tais pessoas correm o risco de “se amarem” no outro, em vez de amá-lo sinceramente.
Mesmo diante de todas as dificuldades que comporta o amar, não existe outra força maior e com mais capacidade para transformar o ser humano que o amor.
O que atraiu e continua atraindo milhares de pessoas a Jesus é sua livre e total doação, que se resume no mais puro e concreto amor. É este sentimento que dá força e sentido para que o homem enfrente as lutas e dores próprias de sua condição.
O amor é uma verdade constante que potencializa e realiza o homem. Por este, vale a pena lutar, esperar e suportar as consequências dele, pois, “é perdendo que se ganha”, “é dando que se recebe”, “é morrendo que se vive…”, e quem ama sempre vence!

Saber esperar, uma grande virtude

Constatamos claramente que existe na sociedade de hoje uma suposta "cultura do imediatismo", e se analisarmos cuidadosamente nosso proceder encontraremos nele marcas desse imediatismo vigente.
Queremos tudo pronto, do jeito que idealizamos e na hora em que pensamos. Por isso, o homem contemporâneo se perde cada vez mais em uma profunda superficialidade, pois não consegue experimentar o crescimento e a maturidade que o ato de esperar traz a cada pessoa. Como diz o ditado: "O apressado come cru". É verdade. Basta olhar para os fatos.
Quantas são as pessoas que se encontram infelizes ou se separaram, partiram, enfim, porque se casaram precipitadamente… Quantos jovens se encontravam ansiosos para casar e, até contrariando a muitos, se casaram antes da hora, e depois como fruto de sua impaciência vivem um verdadeiro inferno conjugal. E o que é pior: chegando até a culpar a Deus pelo seu infortúnio.
Na hora de fazer algo não se pensa em Deus nem se pergunta para Ele, depois cruelmente Ele se torna o vilão da história… É como o aborto. "Na hora de fazer ninguém pensa", depois que acontece a gravidez surgem as justificativas: "Não tenho condições de criar essa criança". Ou "Não tenho uma boa situação financeira, por isso não poderei dar uma boa educação [para a criança]". Por que não se pensa nisso na hora de concretizar o ato? Por onde andava a "responsabilidade" nesse momento?
Agir precipitadamente em busca de um prazer imediato muitos querem, mas assumir as consequências de suas ações poucos ou quase ninguém quer… É nossa a responsabilidade pelos nossos atos, ou pelo menos deveria ser.
Saber esperar o tempo certo é sinal de maturidade. Quem é maduro espera, quem não o é inventa motivos ilusórios para fazer sua vontade antes do tempo.
"A paciência tudo alcança", a espera nos faz crescer. Deus lhe dará o que você pede (se for conforme a vontade d'Ele), mas, antes, Ele o prepara para receber. E saiba que é sempre mais do que foi pedido. Basta apenas confiar e esperar n'Ele.
Precisamos aprender a não desistir; a não desistir dos outros e, principalmente, de nós mesmos. Tudo tem seu tempo, é necessário dar tempo ao tempo, cada pessoa tem seu tempo de amadurecer e crescer, não temos o direito de desistir das pessoas impulsionados pelo nosso imediatismo.
Quem é maduro sabe esperar o tempo de cada pessoa, o tempo do amigo, da esposa, do companheiro de trabalho, entre outros. Temos que acreditar nas pessoas, enxergando além de suas fraquezas do hoje, pois o mundo está carente de pessoas que vejam nas outras a virtude que está por vir, o positivo que está escondido por detrás da imperfeição… Já existe muita gente que condena e aponta o erro, precisamos de gente que aja de forma diferente.
Você também não tem o direito de desistir de você, nem de ninguém. Calma. Aos poucos tudo se encaixa. Tenha paciência consigo, pois, “a conversão é um processo e não uma mágica…”
Tenho medo de pessoas que se acreditam práticas e resolvidas demais, pessoas que são rápidas e boas em tudo, pois estas, por inúmeras vezes, matam a muitos que precisam ter a oportunidade de ser gente; "gente que não nasce sabendo e que aprende aos poucos".
Do que vale uma perfeição que sufoca o outro? Jesus nunca nos pediu isso. Ao contrário, Ele nos pede a misericórdia.
"Paciência não se ganha, se conquista, mas, com paciência…". Se você não entendeu alguma coisa, não se preocupe, calma. Aos poucos você vai compreender… Aliás, quem foi que disse que você tem de entender tudo? Quem!?

A arte de reconciliar-se com os próprios limites

A limitação é uma realidade profundamente inerente ao humano. Ser gente significa ser essencialmente limitado e marcado pela fragilidade.
Não existem super-homens – por mais que a sociedade e as circunstâncias atuais façam com que muitos acreditem sê-lo –, toda pessoa humana é marcada por algum tipo de imperfeição, com a qual, em algum momento de sua história, terá que se encontrar.
Ninguém é bom em tudo, ninguém consegue ser perfeito em todas as dimensões de sua vida: há quem seja bom no trabalho, mas falho nos estudos; assim como há aqueles que são perfeitos em casa como pais e esposos, mas nunca conseguem ascensão profissional; ainda existem aqueles que são ótimos nos esportes e péssimos na dimensão relacional/afetiva; da mesma forma, há os que possuem muitos amigos, mas não conseguem se firmar em um namoro ou relacionamento sério; e assim por diante. Todos portamos algum tipo de imperfeição e limite, com os quais teremos de aprender a “dialogar” em nossa trajetória pela vida.
A verdadeira virtude consiste em saber, de fato, dialogar com os próprios limites, reconciliando-se constantemente com eles e buscando realmente integrá-los àquilo que somos, visto que somos um “acontecimento” composto por virtude e fraqueza.
A maturidade só será concebida no coração que soube relacionar seus prós e contras, suas virtudes e limites, integrando-os ao que se é (com consciência da própria verdade) e buscando assim potencializar as virtudes e trabalhar as fraquezas.
O autoconhecimento é essencial em todo processo de crescimento e maturação enquanto gente, e principalmente, o conhecimento dos próprios limites. Do contrário, a pessoa será eternamente escrava de uma ilusão desencarnada acerca de si, não podendo crescer e experienciar a alegria e a liberdade que brotam do fato de reconciliar-se com os próprios limites.
Há limites que poderemos vencer, contudo, há aqueles com quais teremos que aprender a conviver… Quem não aceita os próprios limites acabará empregando – inutilmente – uma imensa energia no combate a um inimigo fictício, gerando assim um conflito interior desnecessário, pelo fato de combater uma realidade que deveria, em vez de negada, ser agregada ao todo que o compõe.
O limite é algo natural e até mesmo pedagógico no processo humano: negá-lo seria negar a própria humanidade e dependência do Eterno.
Reconciliar-se com os próprios limites: eis um passo de sabedoria que nos faz mais completos e encontrados em nossa verdade. Tenhamos a coragem de assurmir tal postura e atitude, e contemplemos os belíssimos frutos que procederão de semelhante prática e compreensão.

Quem não sabe perder, perde sempre

Nem sempre as coisas são como queremos e idealizamos, e é bom que isso seja assim, pois nem sempre o que queremos é o melhor para nós. Toda existência humana é marcada pela “condição de contradição”, ou seja, pela fraqueza, pecado e, conseqüentemente, pela queda.
Perder faz parte da vida e aceitar a própria condição limitada é sinal de sabedoria. É horrível conviver com alguém que crê ser absoluto e acredita que todos têm o dever de satisfazer suas vontades.
Há muitos pais que estragam seus filhos, porque não lhes ensinam que o “não” também faz crescer, e que a queda pode também ensinar. Há filhos que não aprendem, em casa, que na vida nós também perdemos. Precisamos aprender a lidar com nossos fracassos. Muitos não suportam os fracassos próprios da vida, porque foram educados somente para ganhar.
Para superarmos as quedas impostas pela vida precisamos ter a humildade de saber perder.
As pessoas não são obrigadas a ser e a fazer o que queremos; elas não são obrigadas a corresponder às nossas expectativas.
A maturidade se expressa quando o coração consegue deixar livre um outro coração que não quis pertencer a ele nem corresponder a seus desejos.
O fato de sermos contrariados é uma experiência que nos faz mais fortes, pois, compreendemos que nossa maneira de pensar não é a única nem a melhor, e que não estamos sempre certos. Precisamos saber perder e sair de cena quando erramos, quando não estamos com a razão.
Perfeição cristã não significa ausência de erro, mas capacidade de perdoar e recomeçar sempre. Não temos a obrigação de acertar sempre, mas temos sim o dever de aprender com nossos erros. Quem não sabe perder perde sempre, pois acaba sendo humilhado pelo fato de não aceitar a própria fraqueza; querendo, assim, ser o que não é e fazer o que ainda não é capaz.
Quem não sabe perder busca sempre levar vantagem sobre tudo e todos, tornando-se alguém insuportável e arrogante.
A humildade é escola da virtude, e grandeza é aceitar com ternura aquilo que se é.
A vida não diz sempre "sim", e a alma se torna grande quando é capaz de sorrir também diante do “não”. Aceitar que nem todos nos amam, que não somos bons nem os melhores em tudo, são expressões de um coração que compreendeu verdadeiramente o que significa “viver bem”. A derrota é sempre uma possibilidade de recomeço e crescimento para quem sabe bem aproveitá-la. Que esta não seja para nós motivo de paralisia, mas um trampolim a nos lançar nos braços da vitória.

Não perca o encanto pela vida

Viver é uma aventura, e, diga-se de passagem, uma aventura muito bela. Descobrem a beleza da vida, as almas que nunca perdem o encanto e a ternura diante de cada novo dia e de cada nova experiência.
Enche-se de leveza e alegria o coração que nunca perde a novidade e que enfrenta as realidades, a cada dia, como se tudo fosse novo, encantando-se diante da criação e diante da beleza presente nos detalhes do existir. Ao contrário, quem perdeu o encanto com a vida e a enxerga com ares de "hora extra", acreditando já ter contemplado tudo o que ela tem a oferecer, acaba por conceber a existência como um peso, como realidade opaca e destituída de significado.
Uma das piores coisas do mundo, pior até que "dor de dente", é conviver com alguém que se cansou de viver, que vê a vida de maneira distorcida e negativa, em virtude das marcas que o passado lhe acrescentou... Quem fica com os olhos fixados no passado se torna incapaz de ver o presente. E quem não o vê está morto. Não existe maior expressão de morte para alguém do que deixar de enxergar o mundo e o presente, como se fosse a primeira vez...
Que as dores – que vivemos – não nos roubem o olhar de esperança diante de cada situação.
Nosso presente é o presente que Deus nos entrega, e cabe a nós, com o auxílio e a graça d'Ele, reconstruir, no hoje, as belas e originais ilustrações e formas de nossa história.
Fomos criados para a felicidade, independentemente do nosso passado e das dores que vivenciamos. Ser feliz não é viver sem sofrimentos, mas é saber crescer com estes, não permitindo que eles nos aprisionem.
Não existe realização sem luta e desafio. Quem luta por sua felicidade já a alcançou, é apenas uma questão de tempo. É possível ser feliz no hoje. A felicidade é sempre uma real possibilidade, depende apenas da forma como enxergamos a vida.
Nunca desista de lutar pela vida e por seus sonhos, saiba que você é muito mais do que seu passado e suas escolhas erradas. Creia que hoje, agora, é o momento ideal para ser feliz!

Libertando-se dos enganos da aparência

É impressionante a capacidade que o ser humano tem de, em certas situações, tecer julgamentos ancorados apenas na aparência e, assim, destituídos de inteireza. Temos a esquizofrênica tendência a, muitas vezes, definir e conceituar a realidade a partir daquilo que nos sinalizam as aparências, estacionando, dessa forma, na exterioridade e não conhecendo as pessoas em seu íntimo e intenções profundas.
Quem julga a partir de aparências correrá o sério risco de cometer inúmeras injustiças, oprimindo aqueles que, porventura, não se encaixem em seus embalsamados padrões de perfeição.
Quem é realmente maduro não toma decisões a partir de simpatias ou antipatias, nem motivado por aparências. Estas – simpatias e antipatias – são realidades comuns a todo processo relacional, contudo, elas não podem se estabelecer como parâmetro para decisões e julgamentos acerca de pessoas.
Muitas vezes, quem não se aliena para nos agradar/bajular ao máximo grau, acaba sendo descartado por nossa carente e imatura maneira de absorver a vida e as pessoas.
As pessoas são muito mais do que imaginamos que sejam, e não temos o direito de as aprisionar na impressão que delas tivemos.
Vivemos em uma sociedade que nos ensina a desconfiar constantemente de todos e a nunca acreditar em ninguém. Entretanto, se faz necessário acreditar nas pessoas sem exigir que sejam o que queremos, e tendo a caridade de as deixar apenas acontecer...
Precisamos acreditar que todo ser humano quer verdadeiramente acertar em sua história. Ninguém erra porque quer, ninguém elege a infelicidade como projeto de vida. Todo ser humano quer ser feliz na vida, mesmo quando busca isso sem o devido êxito. Por isso, é necessário sermos mais misericordiosos com nossos semelhentes buscando enxergar além das aparências.
É preciso buscar fazer uma experiência com cada pessoa, antes de a aprisionar em um rótulo infeliz.
É salutar e sinal de humanidade se prender mais ao que as pessoas têm de bom, sem as querer transformar em meras "cópias" daquilo que acreditamos ser o correto.
O combustível para a maturidade e o crescimento de alguém é ser acreditado... mesmo quando a sua aparência e o que ela manifesta não agradar tanto.
Lutemos para nos desprender das armadilhas da imagem e busquemos ver o coração das pessoas, pois, todos têm o direito de tentar... e isso mesmo quando o fruto da tentativa for o erro.
A fragilidade que Jesus mais condenou em Seu tempo não foi tanto o assassinato nem o adultério, mas a hipocrisia. Ele bem conhecia a precariedade de nosso olhar e de nossa compreensão, por isso mesmo nos ensinou como agir diante daqueles que, na aparência, não nos agradarem nem nos bajularem o bastante: "Eu não te condeno. Vá..." (cf. Jo 8,11b).
O Homem de Nazaré sempre acreditou no homem e sempre deu a este uma nova chance para acontecer, mesmo sabendo quem de fato ele é. Aprendamos, pois, com o Seu sublime exemplo.

Como gerir as tensões

Todo e qualquer e ser humano que, de fato, vive no século XXI, tem de aprender a lidar com constantes e intensas tensões.
Estamos no século do estresse, das doenças psicossomáticas (depressão, etc.), dos gigantescos congestionamentos no trânsito, da competitividade elevadíssima no mercado de trabalho, entre outras cobranças do tempo.
É inevitável, a tudo isso temos que dar uma resposta todos os dias. Tais tensões se aglomeram sobre nós, e tudo de maneira rápida e exigente demais para nos permitir pensar e refazer adequadamente nossas forças e esperanças.
Vivemos em um mundo de embates e cobranças, e isso em todas as circunstâncias e para todo gênero de pessoa. É comum que já nasçamos – de uma forma ou de outra – sendo exigidos pelas circunstâncias que configuram nossa realidade.
Diante de tal cenário não adianta nos escondermos buscando fugir da vida e dos desafios que ela comporta, ao contrário, faz-se necessário encontrar uma maneira sábia e encarnada para gerir as tensões que se lançam sobre nós.
Sempre enfrentaremos tensões – é ilusão crer no contrário –, contudo, é preciso aprender a conviver bem com essa companheira de nosso tempo, administrando coerentemente nossos excessos e ausências.
Há quem lide com suas tensões cotidianas desafogando-as em vícios, outros em uma vida promíscua e depravada (adultério, pornografia, etc.), alguns ainda em mentiras e fugas multiformes. Quem não fabrica um jeito sábio e correto – sob uma luz Maior – para gerir suas tensões, acabará por se tornar escravo destas, se escondendo em supostas "válvulas de escape" que lhe roubarão de sua verdade e liberdade.
Todos precisamos gerir/aliviar nossos desencantos e tensões, todavia, permanece sobre nós a possibilidade da escolha de como isso realizar. Se elegermos o erro – em linguagem teológica, o pecado – como via de gerência destes embates da vida, esse se tornará para nós um enorme laço que nos ocultará do que somos.
É necessário gerir as tensões com inteligência, descobrindo no bem, maneiras sadias de renovar as próprias energias e disposições.
Quem confia seus dissabores a uma Força que lhe supera e abarca, poderá com certeza, impulsionado por tal gerência, superar e administrar com excelência sua própria existência e as lutas nela contidas.
Como temos gerido nossas tensões? Que cada um se pergunte e, posteriormente, lute para fabricar a melhor forma de fazê-lo. Não permitamos que nossas tensões nos governem, mas aprendamos a geri-las com sabedoria e profundidade, descobrindo maneiras sadias para equilibrar nossas lutas e gastar nossas energias somente com aquilo que nos é essencial.
Gerir as próprias tensões com sabedoria é uma verdadeira exigência em nosso tempo. Busquemos empreender com perseverança e empenho tal realidade, para podermos saborear os belíssimos frutos de tal conquista.

Como olhamos para o passado?

É interessante perceber como aquilo que vivemos em nossa história acaba exercendo uma forte influência sobre o que somos e sobre o que vamos nos tornando na vida.
Nosso passado não determina o nosso presente, e isso, principalmente, quando nos submetemos a Deus, contudo, ele é um elemento constitutivo do que somos e com ele precisaremos tecer um constante diálogo de "ressignificação".
Todos temos um passado e uma história, e é ótimo que seja assim. E essa história, muitas vezes, comporta marcas e dores profundas: perdas, humilhações, angústias e medos. Entretanto, alguém sem história – ou que dela se oculta – é alguém sem identidade e sem um solo concreto para pisar, pois, por mais dura que esta tenha sido, ela precisa ser acoplada conscientemente ao todo que nos compõe, em um esforço voluntário de "reler" os acontecimentos sob uma nova ótica: a ótica do amor e da revelação de Deus.
Os fatos que já aconteceram, aconteceram... Sabemos que eles não poderão mais ser mudados objetivamente – na realidade dos fatos –, todavia, cremos que estes podem ser transformados subjetivamente – dentro de nós – a partir da maneira como os contemplamos, e a partir do sentido (significado) que vamos propondo a eles durante nossa existência.
O passado passou, mas, de alguma forma, ele continua acontecendo dentro de nós. Por isso, precisaremos sempre "ressignificar" os acontecimentos, não os maquiando de maneira alienada, mas os submetendo ao olhar amoroso de Deus, que de tudo é capaz de extrair um bem e um sentido maior.
O problema não é olhar para trás, pois é até preciso fazê-lo em muitos momentos da vida, o problema é com que "olhar" contemplamos o passado. Quem olha para trás com mágoa/tristeza e pena de si, aprisiona os fatos de seu passado em uma lógica de derrota, não dando a Deus a oportunidade para extrair do mal um bem superior (cf. Rm 8,28) e para apresentá-los em uma nova lógica, de vitória e de vida.
Se olharmos a partir de Deus nossa história e passado, conseguiremos, aos poucos, inutilizar nossos fantasmas e acender novas luzes na compreensão do que somos.
Nosso passado – assim como toda a nossa história – é um lugar de Revelação para nós, não temamos enfrentá-lo, pois somente a partir de um maduro encontro com ele conseguiremos, de fato, compreender aquilo que somos, e poderemos dar as necessárias respostas que a vida nos exige.
Submetamos a Deus nossa história e emprestemos d'Ele o olhar para contemplá-la... Assim, de fato, seremos mais inteiros e mais experimentados para a vida enfrentar.

Amar sem anular o outro

O amor – em seu autêntico significado – é realidade que sempre fabrica vida e liberdade. É um sentimento, uma atitude que constantemente promove o bem e o realizar-se do objeto a que se ama.
O amor não pode ser confundido com um infundado desejo de posse, imbuído do intuito de devorar ou anular a personalidade do outro, transformando-o em um outro eu. Se assim o for, ele se transformará em um ilusório processo de manipulação, que acabará por ocultar toda sorte de egoísmos e carências infantis.
O amor, por definição, promove espaços de respeito e de autenticidade. Ele não manipula nem exige uma representação teatral, mas torna o outro cada vez mais ele mesmo, em um belo processo de acolhida da alteridade (diferença) que o compõe.
Um dos grandes erros que se pode cometer é querer amar alguém a partir apenas das próprias concepções, sem procurar entender como funciona o sistema de crenças – a cabeça – do outro e o que, de fato, lhe tem valor.
As pessoas são diferentes de nós e, assim, precisam ser respeitadas e acolhidas. É fato que por vezes a diferença nos assusta e desafia, contudo, não podemos impedi-la de acontecer, buscando trancafiá-la em um molde que só em nós encontrará o seu perfeito encaixe.
Quem ama não teme, acolhe. Acolhe o diferente que muitas vezes é até melhor que nós… e que por isso mesmo, acaba incomodando.
O outro é um outro, e assim precisa ser assimilado. Ele não tem a obrigação de gostar do que gostamos e de sempre ser o que queremos, para assim nos servir como a um fantoche afetivo, perenemente disposto a preencher nossas ausências e ideais desencontrados.
O autêntico amor cria no outro individualidade e autonomia afetiva, não o deixando eternamente escravo de nosso afeto.
Quem ama ensina o amado a também amar outras coisas além de si, pois acredita que quem foi profundamente amado não precisa ficar trancafiado neste registro afetivo, para disso se recordar.
Todo processo de posse e de excessiva exclusividade pode até ser chamado de amor, mas, no fundo, tem outros nomes, tais como apego e egoísmo.
Um amor que não promove no outro autonomia e capacidade de caminhar – individualmente – precisa ser revisto e purificado. Pois no exercício do amar, a pessoa precisa ser promovida e não absorvida pelo ato de quem ama.
O coração que deseja amar ajuda o outro a se descobrir e a, consequentemente, se assumir, solidificando, dessa forma, a própria personalidade e seu senso de autonomia pessoal.
Quem não se possui – não se compreende e não se tem… – não poderá se ofertar com qualidade, mas será suscetível de tornar-se objeto a ser anulado. Por isso, promovamos em nós mesmos e nos outros este processo de assumir-se/compreender-se, para que assim lancemos as concretas bases de um amor encarnado, que gera vida e que não se contradiz – não anula – em sua real missão e significado.

Podemos mudar a nossa história

Sim, este título não é apenas sugestão, mas uma concreta e alegre afirmação: É possível, é sempre possível mudar nossa história!
Percebo que o conformismo e a acomodação são dois grandes parasitas que perpassam o DNA de muita gente em nosso tempo. Tempo por vezes tão confuso, que em várias situações acaba inserindo nas pessoas uma intensa letargia e um profundo sentimento de incapacidade. Sim, incapacidade diante dos problemas, das fraquezas, diante de fatos dolorosos que desejam – levianamente – definir o curso de nossa história.
É necessário que se creia que não se é aquilo que se sente, e que mesmo quando a tristeza e a incapacidade quiserem nos aprisionar, podemos e devemos resistir acreditando na força que existe dentro de cada um de nós, no poder de superação que muitos já definiram como: “Força dinâmica que anima a vida”.
Ao contrário do que muitos pensadores contemporâneos afirmaram, o homem não é um nada atirado no vazio da existência, sem um “porquê” de existir e sem “uma finalidade na existência”. O homem é um ser prenhe de significado, um ser que porta uma enorme capacidade de se superar e se autotranscender em cada instante da vida.
As contrariedades que enfrentamos não têm o poder de definir aquilo que seremos, nem mesmo nossos erros e fragilidades o têm. Tudo isso pode se tornar matéria-prima para realizarmos uma bela e contínua "re-significação" em nossa história, superando dores e conquistando vitórias.
Basta, atentamente, perceber o movimento presente na existência para compreender que as dificuldades nem sempre são inimigas, mas, na maioria das vezes, elas vêm à luz com o intuito de fazer a vida ser mais e não menos. O sofrimento traz consigo uma força de novidade que infunde no coração capacidades que antes nem eram imaginadas por aquele que o vivencia.
Não é preciso temer o sofrimento, mas é preciso saber como reagir, como responder a ele. Ele pode e deve sempre formar e ensinar, e não se tornar uma muleta, na qual nos escondemos a vida toda. Ele tem o dom de nos fazer compreender a vida de uma forma como nunca a entenderíamos antes. Ele nos purifica e tira de nós o melhor. Por isso, diante de qualquer dor e derrota, o importante é sempre nutrir a certeza: “É possível mudar minha história!”, é possível crescer com as dores e sempre aprender com elas.
Por maior que sejam as muralhas que se levantaram contra nós, essa esperança deve sempre povoar nosso coração: “Sou um vencedor, possuo em mim essa Força dinâmica de superação, que anima minha vida; posso vencer, pois essa Força de Deus habita em mim”.
E mesmo quando somos nós os culpados, mesmo quando padecemos por conta de nossos próprios erros e fraquezas, é necessário entender que, em Deus, misericórdia não é passatempo, mas verdade eterna e derramada como perene possibilidade de recomeço e novidade, em qualquer fase ou circunstância da vida.
Quando se entende que a vida não pode ser subtraída a momentos isolados de limitação e que ela nasceu para sempre ser mais, para sempre crescer, a esperança pode fixar morada – mesmo em meio ao cansaço dos dias – naquele que caminha, alimentando-o com sua primavera e dando sabor e alegria a cada fragmento de tempo e presença que empregamos nesta terra.
Enfim, podemos mudar nossa história! Aliados à Graça, sempre poderemos!

Amar com acolhida e maturidade

Em meio ao mundo exigente e extremamente rápido (corrido…) em que vivemos atualmente, é fato que as pessoas acabam se tornando cada vez mais inclinadas a ser intolerantes, impacientes e propensas a rotular as outras. Sufocados por tantos dilemas e exigências, poucos conseguem ter a devida paciência para com os demais e muitos, se não alcançam respostas imediatas em um relacionamento (nos mais variados âmbitos), acabam desistindo das pessoas que deles buscavam se aproximar.
Descobrir alguém leva tempo. E quando nos tornamos superficiais demais, desistindo facilmente diante do primeiro desencanto, acabamos por perder a feliz oportunidade de descobrir pessoas maravilhosas. Não é porque a pessoa não sorriu como quereríamos ou porque tenha um defeito latente, que temos o direito de encarcerá-la em um rótulo infeliz.
Acredito que todos queiram ser bons e felizes, e todos lutam por isso. Pode ser que não sejam compreendidos assim – ou não se percebam assim -, mas, no fundo, buscam isso. Pode ser que palavras inicialmente ásperas sejam, no fundo, o pedido de socorro de alguém que recebeu pouco amor na vida e que, desesperadamente, pede que o ensinemos a amar.
Pode ser que as atitudes que mais o irritem em alguém sejam a prova do esforço profundo de um coração querendo sinceramente fazer o bem, e que nisso precisa ser estimulado/ensinado, para assim poder revelar suas melhores potencialidades.
Mesmo que o amor que recebamos não seja do jeito tínhamos buscado ou idealizado… mesmo assim é amor. Os gestos e iniciativas de amor que possam soar repugnantes para nós, podem ser o tudo do que o outro pode nos dar no momento. Precisamos aprender a acolher o que as pessoas conseguem oferecer hoje, valorizando o que elas nos oferecem.
Não podemos ser cruéis a ponto de destruir em nós aqueles que não se acomodam aos nossos estereótipos e expectativas infantis.
O verdadeiro amor se expressa em um acolhimento que permite ao outro ser simplesmente o que é, sem precisar representar para nos agradar e, assim, ser aceito. Amar é acolher e buscar compreender (o que não é fácil…). Dessa forma será possível permitir que o outro, neste universo de verdade e liberdade, se revele, expressando o amor como sabe, pois só desse modo este poderá aprender – a partir do amor/acolhida que recebeu – a melhor forma de amar e se ofertar.
Eis o desafio: amar com acolhida e maturidade, sem exigir que o outro se transforme em uma representação fiel do que “estabeleci” como verdade e valor! Assim as pessoas poderão ser, de fato, pessoas ao nosso lado – em vez de coisas –, e na verdade do que recebemos e ofertamos, poderemos também nós nos tornar melhores, sem a exigência desumana de precisarmos nos alienar para ser aceitos.

Integrar a própria incompletude

O ser humano traz em si certa medida de incompletude e ausência, e a isso atesta a imensa “procura” que ele realiza ao longo de toda a sua vida.Todos estão sempre à procura de algo. Todos buscam incansavelmente na vida – consciente ou inconscientemente – uma realidade que os possa completar. Muitos a procuram nos vícios, alguns em amores destemperados, outros ainda no dinheiro e nas posses… Mas o fato é que, se buscarmos em fontes erradas, nossa incompletude se tornará ainda maior e nos sentiremos cada vez menos saciados.
Tal incompletude pode ser percebida nos mais variados momentos de nossa história, principalmente, naqueles nos quais parece que, irremediavelmente, nos falta algo para nos sentirmos realmente completos na vida. Essa incompletude é humana, é puramente existencial. Diante de tal constatação, o que se faz necessário para o coração que quer crescer é a madura atitude de buscar integrar as próprias ausências. Mas como realizar isso?
Para tal pergunta nem sempre respostas prontas e encomendadas serão eficazes – apesar de muitos as perseguirem e até as exigirem… Contudo, diante desse questionamento torna-se perceptível que, para que este êxito de integração aconteça, é necessário recorrer a fontes que, de fato, nos possibilitem um encontro com nossa própria identidade, e isso sem negar nossa real essência e verdade. Nesse encontro é preciso também renunciar a toda deformidade que possa ter sido agregada a essa identidade, mas que, na verdade, não é parte integrante do que essencialmente se é.
Quando conhecemos o que somos e como funcionamos, e também o que não somos – e que a vida e as circunstâncias acabaram nos acrescentando –, podemos verdadeiramente estabelecer metas que nos possibilitem compreender aonde queremos chegar, integrando, dessa forma, nossas ausências em um projeto maior.
Assim não empreenderemos energias à toa, apenas “procurando” uma forma concreta para eliminar a própria incompletude. Mas, de maneira consciente, nos reconciliaremos com esta (incompletude), dando passos concretos na busca de ideais que nos integrem e nos tornem mais completos (lembrando que isso não é uma resposta pronta e absoluta, mas somente uma provocação para construí-la…).
Conhecer-se é o primeiro requisito para integrar-se. Quem se conhece e se compreende, retirando de si inverdades assumidas, conseguirá procurar um sentido para a vida de maneira certa. Quem se assume no que é – desde que não seja em uma deformidade falsamente agregada – eliminará a parte de incompletude que brota do fato de não saber em qual direção empreender os dias.
Integrar a própria incompletude é tarefa que só se acontece a caminho. A cada passo dado, assumindo-se e assumindo um Sentido que agregue sentido à vida, as ausências se dissiparão e os vazios poderão ser portadores de infinitas presenças. Desse modo, o coração poderá se tornar mais completo e menos perdido na vida e, assim, poderá empregar seus belíssimos esforços na aquisição de uma integrada e, possível, felicidade.

Perdão, coisa de gente inteligente

Uma de nossas reações mais comuns diante do sofrimento é a busca de justificativas e de culpados para tais situações. Não é fácil lidar com a dor, mais difícil ainda é enfrentar perdas e injustiças. Qual o pai que, ao perder seu filho em um assassinato, não ficará revoltado? A dor humana é compreensível e não pode ser pormenorizada, porém, precisamos aprender a trabalhá-la em nós.
Diante da injustiça, a mágoa e a revolta são consequências reais, contudo, a história nos revela que tais realidades são apenas consequências da dor e não um remédio para ela.
A violência sempre gerará mais violência, desencadeando assim um gradativo processo de disseminação do ódio, o qual, por sua vez, nunca encontrará o seu fim.
Mas como finalizar esses processos inaugurados pelo ódio? Para a violência se ausentar faz-se necessário a consciência de que um dos lados precisará ceder, perdoando.
Somos muito orgulhosos, em consequência do pecado original enraizado em nós e, por vezes, contemplamos as situações somente a partir do ângulo de nossas próprias razões. Nunca queremos dar o “braço a torcer” e queremos sempre ter a razão nas situações. E, muitas vezes, até a [razão] possuímos mesmo, contudo, “amar significa perder para ganhar” e perdoar é abrir mão da própria razão por uma realidade mais nobre.
Por mais injustiça que tenhamos experienciado, a atitude mais racional diante dessa realidade é o perdão. Por quê? Porque a mágoa nos torna pequenos e empobrecidos demais, além de ser a raiz de inúmeras enfermidades (segundo muitas comprovações científicas). O portador do ódio é sempre o mais prejudicado. Quando estamos magoados pensamos na pessoa que nos causou a dor durante as 24 horas do dia e acabamos por “aprisioná-la” dentro de nós.
Aquele que alimenta o ódio enxerga apenas a si mesmo e o seu sofrimento, fragmentando assim a própria existência e deixando de lado outras realidades essenciais. Quem vive magoado não tem qualidade de vida, não tem paz…
Perdoar é extinguir a trama de angústias que o ódio produz em nós, é libertar-se para descobrir a beleza até mesmo na desventura.
Sei que, em determinadas situações, o perdão não é coisa fácil, porém, perdoar é uma questão de decisão e não de sentimento. A graça de Deus não nos desampara, ela está sempre pronta a auxiliar aqueles que desejam verdadeiramente viver a reconciliação.
Não percamos mais tempo: libertemo-nos de toda mágoa! Existe muita vida para se viver e ainda muita alegria/realização para se conquistar.

O coração e o peso de suas contradiçoes

Muitas vezes, é difícil compreender o coração e o que, de fato, ele deseja. O coração, como bem dizia o filósofo Blaise Pascal: “Tem razões que a própria razão desconhece”. Ele é uma conexão entre silêncios e mistérios.
Por coração, compreendemos aqui o centro de nossa vontade, emoções e percepções. Esse é verdadeiramente um território onde existem muitas riquezas a serem descobertas e muitas incertezas a serem desveladas.
Por vezes, quando olhamos para nossa vida e história, torna-se difícil entender o “porquê” de muitas das nossas atitudes e escolhas. A vontade humana é um campo minado, no qual a inconstância e a fraqueza fazem questão de constantemente se hospedar, assim deixando rastros de confusão.
O que hoje se deseja ardentemente se pode não mais apreciar no amanhã. A vontade é, muitas vezes, uma sede de inconstância e contradição. Contudo, ela precisa ser trabalhada e modelada à luz da “Graça”, para que venha a se transformar em uma vontade constante no bem e inteira no que decide.
O coração, que se torna palco de inconstâncias, corre o sério risco de se tornar um lugar no qual a felicidade não consegue morar, pois, ele ficará ausentado da possibilidade de saciar sua natural sede de alegrias não transitórias.
Existem contradições próprias de nosso caminho de crescimento rumo à maturidade, outras, porém, são o resultado de uma vontade fraca e confusa que se acostumou a não decidir com firmeza pelo melhor. Essa, porventura, acarretará sobre si o peso das contradições por ela fabricadas.
A vontade precisa ser educada e direcionada para a constância no bem. Isso se chama virtude – realidade que precisa ser cultivada e conquistada -, pois não acontece apenas como um dom natural. Para adquiri-la é necessário nosso empenho e esforço.
Vontade fraca é aquela que não sabe ser constante no que escolhe, e mais: é aquela que não sabe decidir, mas apenas concordar. Quem concorda com tudo o que lhe é imposto pela cultura, pela mídia, pelos vícios, sem se posicionar diante de nada, perde a força para decidir e acaba por não ser livre. Por outro lado, adquire virtude aquele que tem disposição para perseverar nas boas escolhas, persistindo sempre no bem, mesmo quando suas fraquezas e más inclinações exigirem o contrário.
Em um mundo marcado pelo transitório e pelo descartável, somos convidados para decidir pelo bem, com constância, nas grandes e pequenas ocasiões apresentadas pela vida. Dessa forma, vamos eliminando as contradições que não são inerentes ao nosso crescimento como pessoa.
O homem “é o que escolhe”. Por isso, faz-se necessário mergulhar no mistério de nossas contradições, acolhendo com humildade o silêncio do que ainda não somos capazes de compreender, direcionando com nossa liberdade nossas escolhas, rumo à construção de um bem permanente e amadurecido no cotidiano.

Perseverança, a medida certa

Uma maneira concreta de extrair a vida de alguém é roubar os sonhos que lhe são próprios. Nossos sonhos e esperanças são a força que faz a vida desabrochar dentro de nós. É triste, mas infelizmente real, nos encontrarmos contemporaneamente com muitas pessoas que já deixaram de sonhar e de acreditar que a vida pode ser melhor, que o sonho pode se encarnar e que a esperança pode florescer.
Não é custoso perceber que, na maioria das vezes, as frustrações acontecem porque se espera por coisas que não deveriam ser buscadas (esperadas). Confia-se em promessas irreais e, por fim, acaba não existindo uma concreta perseverança naquilo que é essencial e que deveria realmente ser buscado.
Existem muitos que apostam “tudo” em ilusões e em relacionamentos desleais (impossíveis), pautando a vida em realidades sem um fundamento que possa, verdadeiramente, saciar a ausência presente na vida e no coração.
A esperança é, sem dúvida alguma, a seiva motriz da vida. Porém, é preciso esperar bem, aprendendo a escolher sabiamente em quem esperar, para que assim a perseverança e a luta pelo que se sonha sejam possíveis e, esse sonho possa verdadeiramente assumir cores de realidade.
Quando se luta por sonhos ancorados em um fundamento além de nós mesmos, em que as esperanças se prendem a elementos de eternidade e se construam sob a lógica do amor, a vida começa, de fato, a ter e a ser sentido.
É preciso sonhar bem com realidades nas quais não esteja em jogo somente a “minha” (egoísta) felicidade. No ato de sonhar precisam estar contidas realizações que despertem, também em outros, a vontade de sonhar.
Enfim, detectada a veracidade e a consistência de nossa esperança (sonho), é necessário que nos lancemos no universo da perseverança, para que assim possamos construir o que buscamos, e isso a partir de nossa luta e persistência. Isso mesmo: persistência. É preciso perseguirmos nossos ideais sem nos determos nos “encantos” do caminho.
Existem muitos sonhos que o próprio Criador compôs dentro de nós. Esses são sempre possíveis e reais e necessitam de nossa perseverança para se concretizarem.
Quando o desânimo e o cansaço, sintomas próprios do caminhar, fizerem morada dentro de nós, precisaremos reagir aos mesmos ,munidos da força da perseverança e do espírito de luta, pois a perseverança é sempre a medida certa para grandes realizações.
Sem perseverança e persistência não poderá haver uma real vitória. Sem uma luta persistente, nosso sonho continuará apenas sonho. São nossas iniciativas – aliadas a um Amor maior – que os poderão trazer, com intensidade, ao protagonismo da realidade (da nossa vida).
Mesmo quando nosso sonho parecer cair por terra, faz-se necessário continuar crendo e perseverando, cientes de que toda vitória é precedida por algumas quedas e por uma concreta “não desistência”.
Independentemente do quanto já foi percorrido ou ainda falta caminhar, necessário e bom é prosseguir perseguindo a meta, não deixando de acreditar diante dos insucessos e sabendo que a perseverança é a medida certa para toda e qualquer vitória.
Não desista de seus sonhos e lute, lute sempre, pois, a vida reserva belas surpresas para aqueles que não desistem dela.

Combatendo a decepção

Quem nunca se desencantou com alguém em quem acreditava?
Enfrentamos inúmeras situações em nossa história que, com ou sem a nossa autorização, acabam nos remetendo a este terrível sentimento: a decepção.
Quem nunca se desencantou com alguém em quem acreditava? Quem já não esperou por realidades que não se concretizaram? Quem já não fez a experiência de não ser correspondido quando amou? A decepção é um sentimento presente na vida humana e, constantemente, precisaremos aprender a bem geri-lo em nossa história.
Todos nos decepcionamos em algum momento da vida, todos experienciaremos a infelicidade de não nos sentirmos os “prediletos” em algum momento de nossa trajetória na existência. Contudo, é preciso compreender que se esse sentimento não for trabalhado e superado em nós, poderá nos marcar com desastrosas conseqüências.
A decepção é um profundo veneno! Quando a mesma faz morada no coração tende a nos roubar o entusiasmo, a alegria e o ânimo, além de nos fazer desacreditar da vida e das pessoas em geral. Ela nos leva a pensar que nossas lutas são em vão, roubando assim o sentido de nossos esforços e crenças.
Diante das desventuras e decepções precisaremos sempre contra-atacar…
É preciso destruir definitivamente alguns antigos chavões como: “Homem é tudo igual, não leva nenhuma mulher a sério”, “Meus namoros nunca dão certo”, “Eu não paro em nenhum emprego”, “O casamento é ilusão, na prática não funciona…” É preciso romper com a mentalidade negativista que a decepção acaba fabricando em nós.
Não é porque uma mulher viveu uma experiência dolorosa com um determinado homem, que todos eles (homens) “não prestem”. Existem sim homens bons… é preciso recomeçar e não se tornar escravo (a) da decepção! Não é pelo fato do casamento de algum conhecido (até mesmo o seu) não ter dado certo que o casar-se seja uma utopia irreal.
Nem todas as pessoas são ruins e falsas, e não é porque você se decepcionou uma vez que irá se decepcionar sempre…
É preciso acreditar na vida, na família, nas pessoas, em Deus!
Não temos o direito de desistir de amar pelo fato de termos vivido experiências difíceis. É preciso tentar de novo, acreditar, recomeçar.
Amanhã poderá ser melhor, poderá sim… A cada novo dia que se inicia Deus nos dá a oportunidade de reescrevermos nossa história e, com Ele, poderemos sim dar cor e vida ao que antes era dor e ausência.
Deus é fiel e, diante das desventuras que enfrentamos, Ele estará sempre pronto a abrir novos caminhos para que possamos recomeçar. É preciso acreditar… e não parar na decepção.
É preciso acreditar e não deixar a doçura presente nos dias se amargar…
Poderá ser diferente… é preciso acreditar, sempre!

Nossas escolhas e suas consequências

É interessante perceber como, atualmente, a maioria das pessoas tem uma grande dificuldade para lidar com as consequências de suas escolhas. Sim, vivemos uma concreta crise no senso de responsabilidade, em que muito se escolhe e pouco se quer arcar com as consequências do que se escolhe.
É notória a necessidade manifestada por muitos de, consciente ou inconscientemente, sempre procurar culpados para justificar os próprios sofrimentos, não aceitando que estes, muitas vezes, são diretas consequências das más escolhas que nós fizemos em nossa trajetória pela vida.
É muito mais fácil culpar a alguém por nossos infortúnios – principalmente a Deus –, contudo, ancorado em tal prática o coração nunca poderá verdadeiramente crescer, pois ficará encarcerado em um imaturo – e infantil – sistema de autodefesa e justificação, que retirará do ser toda a responsabilidade pelas escolhas realizadas, fazendo-o descarregar sobre os outros as suas consequências.
Precisamos, mais do que nunca, aprender a arcar com as consequências de nossas escolhas, sabendo que somos os reais protagonistas de nossa existência e que esta só poderá acontecer com qualidade, se por ela (qualidade) decidirmos em cada fragmento que compõe o nosso todo.
Faz-se real em nosso tempo a necessidade de fortalecer a própria vontade. Sim, de resgatar a capacidade de escolher com clareza, tendo diante de si a consciência concreta das consequências do que se escolhe. Nossa vontade precisa ser forte, pois só assim ela poderá acontecer com liberdade e segurança, sem ser condicionada por vícios e más paixões que a deixem opaca e fragmentada.
A maturidade só poderá fazer-se presença na história de quem tiver honestidade o bastante para lidar com as reais consequências do que escolheu, pois, ao contrário, a infantilidade será uma contínua companheira que fará o olhar – sempre e em tudo – contemplar a vida sob uma ótica imprecisa e autopiedosa.
Diante disso, acredito que os pais precisam permitir aos filhos enfrentarem todos os sofrimentos causados por suas más escolhas, pois, se os ausentarem disso, eles nunca conseguirão crescer e acabarão aprisionados a uma intensa imaturidade: mimados e sem uma reta consciência das consequências daquilo que na vida eles realizaram o ofício de escolher.
Sentir o peso das próprias escolhas é profundamente pedagógico e formativo para toda e qualquer pessoa, é experiência que nos faz mais autônomos e livres, para assim podermos nos construir com responsabilidade e consciência, como autênticos seres humanos.
É extremamente necessária esta compreensão: Muito em nossa história dependerá de Deus e dos outros, contudo, muito também depende somente de nós e das escolhas que fizermos e, culpar os outros pelo que em nossa vida não é tão bom não eliminará definitivamente as dores e problemas que configuram nossos dias.
Enfrentemos nossa história e suas consequências sem medo, e, aprendamos com os erros passados a verdadeiramente construir as vitórias e realizações que o futuro reserva para cada um de nós.

Assumir nossa real identidade

Sem dúvida alguma, a liberdade não é uma utopia. Ela é, intrinsecamente, desafiante, mas não irreal. É fato que a liberdade aqui proposta, no sentido de uma autonomia identitária (posse contínua da própria identidade), é realidade exigente e profundamente "desinstaladora" para toda e qualquer pessoa.
Vivemos em um tempo no qual muitas pessoas “existem” sob os fardos de uma profunda crise identitária e constantemente representam diferentes personagens – em nome de ideologias e modismos – e, infelizmente, o que realmente se é acaba ficando submerso em meio a essa teia de representações. Cada ser humano possui uma história, uma essência, enfim, uma específica identidade. Pena que são raras as pessoas que conseguem, de fato, contemplar – com inteireza – e assumir o que verdadeiramente são. E aqui é uma questão de assumir o ser, o que realmente se é, e não as deformidades e vícios que nossa história foi – silenciosamente – agregando à nossa personalidade.
Temos, muitas vezes, uma grande facilidade de nos assumir no pior de nós. Contudo, não é unicamente o pior o que configura a nossa verdadeira essência, pois não somos – definitivamente – apenas nossos traumas e erros, antes, somos muito mais: seres criados a partir de um grande Amor e com uma enorme capacidade de amar e fazer o bem.
Nossa identidade não mora apenas no que sentimos, muito menos em nossas más tendências. Não é porque nos sentimos continuamente arrastados por desejos maus e impuros, ou até mesmo contrários à nossa real identidade (psíquica, afetiva e sexual), que somos exatamente isso que estamos sentindo. Não. Sentir não é a forma mais exata de existir e, em muitas ocasiões, o que sentimos será apenas uma triste consequência das circunstâncias duras e fragmentadas às quais nossa história foi submetida.
Nós não somos nossas más inclinações, nossa identidade não reside aí. O mal incorporado à nossa personalidade é, inúmeras vezes, a nós agregado pelas deformidades e dores que compuseram nossa existência, e não são o fruto de nossa verdadeira essência e identidade.
É insanidade assumir a mentira como verdade (cf. Is 5,20). Mais ainda o é assumir a deformidade como uma maneira concreta de existir. É preciso reagir às fragilidades e traumas que buscam sufocar nossa real identidade, pois isso se estabelece como um entulho que busca sufocar toda vida que está abaixo de si.
É preciso a tudo isso reagir!
Não somos nossos defeitos e erros e, diante destes, precisaremos perenemente nos posicionar, protagonizando nosso futuro; e entendo que nossas circunstâncias não possuem o poder de eternamente nos definir. Faz-se necessário acreditar que existe uma essência boa em cada um de nós e que o defeito não é o que antropologicamente constitui nossa identidade. A fraqueza está em nós, mas, não nos define. Ela (fraqueza) só o fará se constantemente nós a alimentarmos, afinal, a planta que mais cresce é a que mais regamos…
Existe uma força de superação dentro de cada um de nós e, independentemente de como tenha sido nossa a história pessoal, poderemos reconstruí-la – ainda que a partir de seus escombros – e carregá-la com um novo sentido.
É preciso não se conformar diante do mal, que deseja aprisionar nossa “identidade”, sempre lutando em um esforço de continuamente se reinventar, para assim redirecionar tudo o que já passou em uma mais acertada construção daquilo que virá.
Tal tarefa é possível. É realidade confiada a nós que, aliados à Graça, seremos capazes de, em quaisquer circunstâncias, transcender toda morte para em tudo fabricar vida e ressurreição.

E quando a vida nos diz "não"?

Nem sempre quando a vida nos diz "não", tal resposta tem a finalidade de nos encerrar em um tempo de esterilidade. O "não" pode também se manifestar como a possibilidade de trilharmos um novo caminho, adentrando por uma nova porta que a nós se inaugura neste específico momento. Há momentos nos quais, de maneira antecipada e, quem sabe, até precipitada, tudo definimos e estabelecemos dentro de nós, idealizando nossos sonhos e metas de maneira irrevogável. Entretanto, em muitas circunstâncias, as realidades acabarão não acontecendo da maneira como planejamos, e nesses peculiares invernos, poderá – intensamente – nos visitar a frustração.
É horrível desejar tanto uma realidade e, por fim, deparar-se com a sua não realização. Contudo, não é só quando a vida sorri que podemos ser felizes. Muitas vezes, a felicidade que nos espera será preparada pelas lágrimas, sendo que estas podem se tornar um sólido alicerce para a construção de uma madura realização em nossa história. As lágrimas podem também gerar vida e recomeços, e o não, pode se tornar um específico lugar onde se pode refletir e escutar a Verdadeira voz, que poderá nos conduzir à mais perfeita realização.
Neste processo de deparar-se com o "não" se faz essencial a confiança. Confiar em um motivo Maior no qual possamos recostar nossas fragilidades, pois sempre haverá um concreto sentido (significado) no qual poderemos ancorar nossas esperanças e depositar as nossas lágrimas. Faz-se necessário confiar nos planos de nosso Autor, pois, diante de cada circunstância, Ele sempre verá mais longe e comtemplará o real muito melhor que nós mesmos.
É preciso, de fato, confiança e abandono, mesmo quando a vida diz "não", pois o "não" – conduzido por Deus – torna-se fonte de vida e de felicidade para nós. É preciso dizer "sim" aos "nãos" que Deus nos apresenta, acreditando que Ele conhece nossos sonhos e que, quando nos diz "não", é porque está nos preparando algo infinitamente superior ao que esperávamos.
Seus planos são perfeitos, e no centro deles estamos nós. É preciso treinar a audição para o Infinito e sempre n’Ele esperar, dizendo constantemente "sim" às realidades nas quais Ele nos insere. De tal forma em tudo cresceremos, adquirindo uma sabedoria e maturidade ímpares, que nos farão adentrar naquilo que é próprio da Eternidade. Cresçamos com os "nãos", treinemos a confiança e nos abandonemos aos cuidados deste singular e infinito Amor!

Como reagir diante da contrariedade?

Extremante difícil é a experiência de perceber-se contrariado. Sim, de descobrir que tudo o que havíamos idealizado até então, acabou não encontrando um terreno favorável para verdadeiramente florescer. Diante de tal realidade, faz-se profundamente necessária uma atitude que está em desuso e fora de moda neste tempo: a paciência.
Nem sempre o que sonhamos e desejamos será capaz de acontecer na hora e da forma como pensávamos e, muitas vezes, isso não será nem mesmo possível em nossa história. Diante dessas situações, nas quais o coração se descobre contrariado, este precisa buscar maturidade para dilatar-se em tudo, adquirindo vida e temperança pela força da paciência.
Dilatar-se significa ir além (alargar as próprias fronteiras), abrindo-se a novas percepções e compreensões da realidade. Significa acolher o possível, reconciliando-se com ele, porém, sem deixar de sonhar e desejar o melhor. Pena que somos ansiosos e imediatistas demais, e queremos que tudo se resolva imediatamente e da maneira como pensamos. É preciso ter paciência e humildade para deixar as coisas acontecerem, em seu ciclo e movimento, naturalmente. Necessário se faz saber perseverar no bem, mesmo diante de dores e situações de adversidade.
A contrariedade é também pedagógica:ela nos ensina que não somos soberanos e que nem tudo tem de necessariamente se dobrar diante de nossa “magnífica” vontade. Quando somos contrariados temos a possibilidade de assumir – com serenidade e sobriedade – nosso verdadeiro lugar na existência. Assim seremos mais abertos e modestos na vida, sem a infantil pretensão de acreditar que nossa visão e posição devem ser sempre únicas e absolutas.
Aprendamos a conviver – pacientemente – com a contrariedade. Tenhamos a paciência de esperar o alvorecer das vitórias que Deus reserva para nós. Estas [vitórias] acontecerão, contudo, é preciso aguardá-las dilatando o coração para melhor poder saboreá-las, e isso na medida e no tempo em que elas conseguirem se despertar…
Dessa forma descobriremos qual é a verdadeira missão que nos espera na vida, e, diante dela, poderemos dar as felizes respostas que o Criador espera de nós.
Não esqueçamos: é preciso paciência e perseverança diante das contrariedades. Isso será extremamente maturador e agregador de sabedoria para nós. Não tenhamos medo de exercer essa realidade!

Bateu aquela tristeza?

As expressões "estou triste" ou "estou deprimido" parecem tão comuns em nossos dias, mas pouco paramos para pensar no que nos leva a esses “estados de tristeza”. Mais ainda: algumas pessoas pensam tanto nela, que alimentam, eternamente, um sentimento que, usualmente, representaria e expressaria apenas uma fase passageira de sua vida. Situações difíceis e estressantes exigem de nós uma capacidade de adaptação que nos permite voltar a alcançar um estado emocional normal. Pensar naquilo que é positivo é uma forma de superar os momentos de tristeza sem negá-los, mas, também, sem valorizar fortemente tal situação. Buscar atividades sociais, esportivas e de lazer também são formas externas de lidar com este sentimento. Estar triste e sentir tristeza são condições psicológicas que fazem parte da vida humana, e não há por que temer vivenciar tal estado. Sentir dor pela perda, viver o luto, terminar um namoro, ter frustrações nas amizades e experimentar que a vida não é feita só de alegrias é o conjunto dinâmico e equilibrado da vida. Porém, muitas vezes, desenvolvemos respostas emocionais negativas e, a partir delas, tudo se torna uma tristeza constante; ou mesmo criamos nossos filhos deixando-os “protegidos” de qualquer ameaça.
Depressão é muito mais do que uma tristeza, mas esta, se for cultivada e excessivamente valorizada, pode se tornar uma doença. Ficar triste faz parte da vida, não precisa de tratamento e nos permite experimentar o lado bom e o ruim da vida. Muitas pessoas evitam, a todo custo, o sofrimento ou mesmo evitam que as pessoas ao seu redor sofram. Com isto, apenas alimentam uma vida de conto de fadas. O tempo da tristeza é relativo e está bastante relacionado ao tipo de situação que vivemos. Por outro lado, pense no seguinte: nosso tempo nos coloca um ritmo para que vivamos os processos da vida sem dor, sem sofrimento e com muita rapidez. Não admitir a armagura é um mecanismo de defesa, algo que nos protege, que faz com que evitemos as situações. O que a tristeza tem para nos ensinar? Nem toda melancolia é depressão, nem tudo é curado com remédios. Encarar as situações negativas com serenidade, observando os fatos e as consequências é muito importante. Quando admitimos que somos parte de um problema, podemos rever nossas atitudes e crescer. Ao fazer o papel de vítima – que pode ser mais confortável e bastante cômodo – não assumimos nossas culpas e “terceirizamos” nossos os problemas. Sempre haverá um culpado, uma situação difícil ou coisa assim. Mas vale lembrar também o quanto algumas pessoas têm uma visão extremamente negativa de si, sem perceber nada de positivo no que fazem, olhando o mundo por um olhar altamente crítico, negativo; apenas valorizando as desolações. A satisfação é feita de frustrações, de perdas e dores. Evitar o sofrimento é como “negar” uma parte importante da vida e experimentar apenas o imediato, a necessidade urgente de estar melhor, as alegrias de um mundo que cultiva o imediatismo e o prazer de uma vida fácil. Nesta reflexão, faço a você um novo convite: que possamos dar um significado às tristezas da vida sem fugir delas, mas saindo fortalecidos desta batalha, superando as dificuldades do momento, valorizando as experiências e retomando o ciclo normal de nossas vidas. Não há solução fácil, mágica ou imediata, mas é algo possível a partir da nossa iniciativa e nosso empenho, com uma forma diferente de encarar a vida.

Como você tem construído seus planos?

Em nossa vida fazemos planos, estabelemos metas e, com isso, visualizamos situações que “podem vir a ser”, que “podem ocorrer”, e nos colocamos numa posição de expectativa e investimento de energia, trabalho e emoção. As expectativas de vida podem, em algum momento, concretizar-se ou não.
O acúmulo de expectativas e situações não resolvidas, bem como problemas cotidianos, profissionais e pessoais podem nos levar ao famoso estresse, que não vem apenas por aquilo que está externo a nós e visível, como problemas, pessoas, falta de dinheiro, desemprego, etc., mas especialmente ao que chamamos de fatores internos, e um em especial: a maneira como interpretamos a vida e seus acontecimentos, as pessoas com as quais convivemos, as situações pelas quais passamos.
Geramos ou pioramos um estado de estresse pela forma como encaramos a vida. Quer um exemplo bem simples de como isso acontece? Por um descuido, você bate seu carro. Não é nada grave, não houve vítimas. Qual a solução mais prática? Buscar um funileiro, avaliar os danos, fazer o orçamento, as formas de pagamento, se você pode ou não pagar agora e decidir por fazer o conserto. Isso é prático, racional e direto (mesmo sabendo que haverá um gasto e que você não poderá pagá-lo agora).
Porém, um modo que gera grande desgaste é olhar para a mesma situação cobrando-se: “Eu fiz tudo errado! Como pude bater este carro! Eu não me perdoo, sou mesmo um idiota”. Todos esses pensamentos estressantes e autopunitivos trouxeram alguma solução? Certamente não. Percebe agora como nossos pensamentos e crenças pessoais podem influenciar nossa reação diante de um acontecimento?
A forma como interpretamos as situações e o modo como nossos pensamentos se desenrolam desencadeiam, portanto, a produção do famoso estresse. Crença é aquilo que dá significado à nossa vida. Se eu creio em Deus, meus atos tendem a ser pautados por essa crença. Por outro lado, se creio que tudo será péssimo, que não sou capaz, que nada dá certo comigo ou que nunca minhas expectativas darão certo, temos aí um bom caminho para atitudes desfavoráveis e um amontoado de novos pensamentos negativos e um belo caminho para o adoecimento e para um círculo contínuo e vicioso de estresse.
Muitas vezes, quando estamos nesse estado, achamos mil desculpas para justificá-lo: "Estou estressado porque meu carro quebrou". Ou: "Porque meu time perdeu", assim como: "Porque meu namoro acabou", porque ... porque... porque... sempre baseados em fatos externos.
Você já parou para pensar qual é a sua parcela de responsabilidade diante do que não deu certo? Será que não é devido à sua forma de ver o mundo que o estresse acontece e com ele todas as consequências físicas e emocionais em sua vida?

Faço este convite a você: pare e observe como você encara o mundo ao seu redor. Este pode ser um primeiro passo para não ser refém da vida e dar um novo significado à sua história.

Liberte-se para uma vida nova

Você já passou dias, semanas, meses e até anos carregando consigo sentimentos negativos em relação a pessoas ou situações?Creio que todos nós já passamos por isso alguma vez na vida. O mais interessante a observar é que sentir coisas “más” nos faz carregar um peso ainda maior do que a situação em si. Como cristãos, não admitimos alguns desses sentimentos, fazemos de conta que não existem. Um passo muito importante é assumir nossos sentimentos e a possibilidade de tocar nestas emoções e desabafar.
Mas de que forma eu posso fazer este desabafo?
O perdão é uma decisão, mas não apenas uma decisão simples: é um processo contínuo, que gera memórias, dores, ativa ressentimentos, e, acima de tudo, gera libertação. Libertamo-nos dos sentimentos maus para que o novo seja gerado em nós. Libertamo-nos para uma vida nova!
Esse tipo de sentimento, guardado em nosso interior, é como um alimento estragado na geladeira; aos poucos, contamina todos os outros produtos e deixa aquele cheiro mau. Imagine você assim, cheio de coisas estragadas dentro de si. Logo, as dores começam a aparecer, assim como doenças estranhas, sentimentos maus, humor deprimido. Esses são nossos “venenos emocionais”: venenos que nos entristecem e, consecutivamente, nos adoecem.
O venenoso não envenena apenas a si, mas também ao outro. Falar mal, difamar, reclamar, queixar-se, murmurar, tudo isso pouco adianta. Não cura nenhuma ferida, pelo contrário, abre outras.

O dom de ser mulher

A alegria de ser mulher está entremeada de desafios que nosso tempo impõe ou que nós mesmas colocamos como alterações em nossa forma de ser. Faz parte da realidade feminina, nos dias atuais, várias jornadas de trabalho: empresa, casa, do marido, de si, cuidar dos filhos, levá-los à escola, muitas vezes criá-los sozinhas, e tantas outras situações vivenciadas pela mulher. Porém, muitas mulheres se sentem perdidas, não encontrando sentido na vida, e acabam endurecidas e até mesmo entristecidas.
Mesmo assim, acredito que o grande desafio das mulheres é ser mulher. Como assim? Já percebeu o quanto a mulher perdeu sua origem? Mas qual é o natural do ser mulher? Na competição por direitos iguais, as vemos colocando-se, muitas vezes, como rivais dos homens, como aquelas que disputam, da mesma forma, os espaços antes ocupados por eles. É claro que precisamos trabalhar e ter nossas conquistas, mas já viram quantas se queixam da solidão, da falta de um companheiro, do abandono?
Por que insistimos na diferença entre os sexos? Por que a mulher insiste em ser aquilo que sua própria constituição física não permite? A nossa constituição humana não nos faz ser assim. Homem e mulher não são iguais, a começar pelos cromossomos, não é mesmo?

O amor tem seu tempo

A urgência dos nossos dias nos faz pensar exatamente na urgência do amor. Quando o sentimento se faz presente entre duas pessoas é muito comum a necessidade imediata de dizer: “Eu te amo”. Algumas pessoas dizem: “Que loucura! Isso não é amor”; outras afirmam: “Pra que esperar, eu amo e digo!”.
Avaliar nossos sentimentos e todas as implicações que ele [amor] envolve também nos faz pensar que os caminhos para o amor nunca são ou estão prontos, mas, certamente, passam por nossa maturidade.
A maturidade biológica nem sempre está relacionada à maturidade psicológica. As expectativas dos pais nem sempre serão concretizadas nos desejos dos filhos. Da mesma forma, o que foi vivido no passado nem sempre será válido para as experiências atuais.
Os gregos diziam que o amor é “uma questão de despertar para a vida” e, com isso, nem todos despertam ao mesmo tempo, nem esperam as mesmas coisas ou se satisfazem com as mesmas coisas.
Quando se acelera o processo do amor, muitas vezes, se “mata” esse sentimento. É por isso que as pessoas não podem se casar porque os pais delas se admiram, porque as famílias se dão bem ou porque o (a) namorado (a) tem ou não tem um status, ou um tipo de estudo.
Amor requer tempo, conhecimento, reconhecimento do que gosto ou não das minhas limitações e das limitações do outro. Amor é como uma construção: escolhe-se o terreno, as fundações e a base para que a obra seja realizada, os tijolos vão sendo colocados um a um, até que a casa seja coberta e todo o acabamento interior seja feito. Depois virão os jardins, os detalhes, os cuidados.
E é por isso que o amor não pode ser urgente: uma casa feita às pressas, com material de qualidade inferior, tende a cair antes do tempo. Imaginem se os tijolos desta casa, que é o amor, forem assentados com areia e água?
Sonhos são muito bonitos nas novelas, mas, na vida real, os caminhos não são prontos. Os caminhos de um casal se fazem pela descoberta das alegrias e das tristezas que os dois podem viver. Estes se fazem ainda pela capacidade de reconhecer no outro aquele que me faz feliz, mas não apenas a única pessoa do mundo que me faz feliz, mas que me completa em parte da vida, que é muito mais do que apenas uma pessoa ou um único motivo.
“Quem quer o amor precisa dar tudo o que tem para possuí-lo (Mt 13,44)” e é por isso que o amor exige dedicação e decisão.
Se você ainda não está pronto para isso, pense se não é tempo de se autoconhecer para conviver com o amor, mas também não espere que esteja 100% pronto para vivê-lo, pois a perfeição não existe, ainda mais quando falamos de seres humanos.
E lembre-se: para tudo existe um tempo: amor, afetividade, sexualidade, cada um deve e precisa acordar em seu tempo, até mesmo para que as experiências fora do tempo e erradas não se tornem marcas negativas no futuro.

Rotular alguém é limitar as suas capacidades

“Como esta criança é agitada!! Não para nem um minuto sequer, ela só pode ser hiperativa!”. Você já ouviu esta frase alguma vez em sua vida? Notamos quantas pessoas têm realizado um diagnóstico antecipado de situações deste tipo, dando às crianças a conotação de um problema, sem que este exista.
A grande preocupação com nossas crianças está relacionada a atribuir rótulos, doenças ou diagnóstico naquilo que faz parte apenas do desenvolvimento saudável e também de uma geração que é, muitas vezes, mais “ligada e agitada”, respondendo ao ritmo que presenciam diariamente: com pais, na escola, nas informações, no uso de tecnologia.
Se antes as crianças assistiam tranquilamente a um desenho, depois iam brincar, e logo mais, ouvir música, percebemos que hoje elas fazem muitas atividades ao mesmo tempo.
Todo diagnóstico que indica qualquer tipo de doença deve ser feito com técnica e profissionalismo, incluindo não apenas a observação de um único comportamento isolado (por exemplo: agitação e energia para correr e brincar até tarde), mas de todo o contexto daquela pessoa. Um diagnóstico nunca deve ser precoce nem baseado numa desconfiança ou num “achismo”.
Medicar nem sempre é a melhor e mais adequada saída quando falamos, por exemplo, de uma criança que, mais do que “ativa”, está sim vivendo uma das fases mais bonitas da vida: ser criança.
Todos nós, sejamos ou não sãos, em várias situações da vida poderemos apresentar comportamentos estranhos ou reações exageradas diante de situações no cotidiano, o que não significa estarmos com alguma doença, nem que vamos desenvolver uma. Muitas reações podem ser apenas o reflexo de um momento da vida (perda de emprego, fim de um namoro, briga no trabalho ou na escola, etc.).
Mas, se mesmo assim, seu filho, seu irmão, sua filha, em seu processo de desenvolvimento, forem diagnosticados com algum tipo de questão, seja ela física, mental ou emocional, é importante que o primeiro passo a ser dado seja “não rotular”.
Rotular é dar àquela pessoa um valor menor ou maior por conta dessas limitações: “Meu filho não aprende porque é hiperativo ou porque tem dislexia”, “Ele nunca será um bom profissional”, “Sua limitação física não lhe permitirá alcançar a felicidade”.
Sabemos que os juízos de valor são usados no convívio na escola, nas relações com a família e até nas avaliações pelas quais passamos em toda a nossa vida, mas certamente esta não é a melhor prática, e é importante que possamos rever isso em nossa conduta e na educação dos filhos. Muitas vezes, a criança mal consegue manifestar suas habilidades e capacidades, porque já é desqualificada diante das demais pessoas.
Um exemplo prático disso é quando um aluno vai mal na prova; ele teve um baixo desempenho naquela prova, mas não significa que ele seja um fracasso ou que eternamente será um mau aluno. Nosso desenvolvimento depende de estímulos que são diferentes de pessoa para pessoa; um dos seus filhos pode ter maior habilidade para matemática, já o outro, para geografia, mas, mudando a forma de ensiná-los ou ajudá-los, ambos podem crescer em suas dificuldades e diferenças.
Não deixe que coisas simples de uma criança tomem uma proporção maior do que realmente são ou que antecipem problemas que nem existem. E mesmo que existam, que eles não sejam uma barreira, pois a vida oferece muitas chances mesmo diante das maiores adversidades.

Bons hábitos

A rapidez das informações e o ritmo da sociedade nos levam a trabalhar muito e por muitas horas. Temos muitas atividades diárias: casa, trabalho, estudos, família, namoro, espiritualidade, amigos, além de manter-se atualizado com as redes sociais como entrar no Facebook, olhar o Twitter, adicionar amigos, ler jornais... Ufa! Ficou cansado? É assim que muitos de nós nos sentimos.
Criamos uma pressão em nós muitas vezes maior e nosso grau de exigência e perfeccionismo pode acentuar esta pressão interna e, com isto, a sensação de cansaço e desgaste, chegando a prejuízos em nossa produtividade e nossas emoções. Muitos de nós afirmam: preciso de um dia que tenha 48 horas. De fato, isto nunca acontecerá, mas o que fazer para, além de dar conta disto tudo, cultivar uma vida saudável?
É muito importante que possamos retomar hábitos simples, muito valiosos e que há muito tempo esquecemos. O primeiro deles: alimentação. Sim, alimentação saudável e balanceada. Querendo ganhar "tempo", comemos um alimento pouco adequado, como um salgadinho, e, em pé, tomando um refrigerante e falando ao celular. Ou seja, qual a atenção que você deu àquela alimentação?
Imagine-se repetindo isto por 20 dias ao mês e multiplicando por 12 meses. Certamente, algum problema de saúde acontecerá: desde ganho de peso, aumento de pressão, gastrite ou coisa assim. Tudo isto abrirá uma enorme porta para doenças e até mesmo uma queixa constante pelo desconforto que você ganhará se alimentando desta forma. Tudo isto para ganhar quantos minutos no seu dia?
Possivelmente, a soma real revelará que apenas perdemos tempo, qualidade de vida e muitas outras coisas. Este é apenas um exemplo simples, mas muito real na vida de todos nós.
O que tem causado um grande desconforto em todos nós é a dificuldade de darmos tempo para cada coisa em nossa vida: se o seu sentimento é de uma vida com muitos compromissos, o primeiro ponto é organizar sua agenda. Qual o horário de cada um deles? O que precisa ser realizado? O que pode ser mudado? O que não é essencial no meu dia e pode ser retirado da minha agenda? Este passo o ajudará, inclusive, a observar se tem dado tempo para seu lazer, para a convivência com a família e amigos, para seus cuidados pessoais; coisas simples que fazem toda a diferença em nossa qualidade de vida. Quando falamos em lazer, nada precisa ser exagerado ou caro. Um passeio a pé já é muito valioso!
Ao cuidar de pequenos hábitos em nossa vida, podemos pensar em:
Manter o bom humor. Tudo pode estar difícil em sua vida, mas se tivermos um olhar positivo sobre as coisas, tudo pode melhorar;
Cuidar para não fazer tudo com pressa e irritação. Seu corpo sente os efeitos disto;
Realizar atividades prazerosas e também as práticas espirituais;
Observar seus limites e procurar agir com flexibilidade frente as necessidades de sua vida. As preocupações em excesso ou o perfeccionismo não aliviarão seu dia a dia.
Cultive o "jardim" dos seus relacionamentos. Se forem cuidados como uma planta, darão flores e frutos. Família e amigos são essenciais para nosso equilíbrio afetivo-emocional. Aos poucos, com persistência em mudar, vamos percebendo que pequenos hábitos, quando cultivados, trarão grandes e efetivas mudanças em nossa vida, dando maior equilíbrio em todas as dimensões.